quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

O Envelhecimento

Inicio aqui uma série de textos que me propus a fazer com a intenção de clarificar um assunto que tem me proporcionado importantes embates internos acerca do envelhecimento. Isso porque estudo o assunto, do ponto de vista das representações sociais e, sendo uma observadora, em suspenso, da situação de envelhecer e, crítica loquaz dos termos pré-concebidos, tenho tentado por mim mesma entender essas representações e quais os mecanismos são influenciadores e/ou mantenedores dessas representações.
É importante deixar claro que Não estou escrevendo num blog apenas para disseminar meus pensamentos, mas para dividir minhas dúvidas e multiplicar as respostas que porventura venham a ser deixadas nele.
Outro aspecto de igual importância é o fato de que não escrevo para ninguém, especificamente, apenas para mim mesma e não tenho nenhuma pretensão de catequizar ninguém. Assim como não tenho a pretensão de estar certa. Estou filosofando e como a filosofia permite a procura de perguntas para as repostas que já temos (Savater disse algo assim em suas "Perguntas da Vida") não me surpreenderei se não as encontrar... elas podem ainda estar no mundo das idéias e podem, ainda, não ter chegado.
Esse primeiro texto é um discorrer de algo que vai na minha mente: Algumas instituições chamam os idosos de "Grupo da Melhor Idade" e eu sempre me pergunto: "Melhor idade para quem? Se eu fosse idoso e não pudesse sair de casa sozinho, não pudesse andar, ou se não enchergasse ou não escutasse seria uma péssima idade".
Isto posto penso em como a mídia influencia essa visão que mais parece feita para adolescentes (que diga-se de passagem não é a melhor idade de jeito nenhum, a não ser para os que já passaram por ela e esqueceram os sofrimentos embutidos nessa 'iluminada' fase da existência) pois os Jovens idosos (aproximadamente até 75 anos) até conseguem viver essa tal 'Melhor Idade' mas a medida que vão envelhecendo (e tomando mais remédios, e perdendo cada vez mais sua capacidade de atuação social) vão saindo desse grupo cuja representação social é adorada pela mídia e entram na que é esquecida pela mídia, mas que lota hospitais, que pedem nas ruas ou que se isolam (ou são isolados) em 'quartinhos dos fundos' das casas de seus filhos.
QUEM É ESSE GRUPO?
Essa é aprimeira pergunta em que vou pensar para poder responder aqui mesmo. Contudo, quero considerar outro assunto, que deu origem a essa postagem, e que segue abaixo.

VIDA LONGA

A busca pela longevidade tem motivado inúmeros estudos e muito trabalho em todas as áreas, mas... para que será que queremos uma vida longa?

Muitas vezes tenho a sensação de que estes estudos e esta perspectiva de 'melhoria da qualidade de vida' é apenas um engodo que mascara a velhice como sendo um momento em que o indíviduo atingirá a plenitude e se transformará em algo tal qual um 'intocável', alguém que pode Fazer o que quiser ,ironicamente, desde que seja o esperado de acordo com a representação social corrente: Ir a beiles, ser empregado dos filhos cuidando dos netos, etc. Ser quem ele quiser (desde que seja dentro de um grupo da terceira idade ligado a uma ONG ou igreja) e Ter o que quiser (desde que seja para os netos e qe venha comprado por um cartão de crédito ou debitado da aposentadoria).
Penso que ser velho é muito, mas muito mesmo, mais do que isso e por essa razão me assusto com a idéia de que se invista na melhoria da qualidade de vida sem antes se fazer um debate filosófico acerca dos motivos que fazem alguém querer ser velho eternamente. Sim, porque a ciência tem criado cada vez mais mecanismos de prolongamento da Vida mas ela, por si só, não nos diz o que fazer com essa vida longa. Sugiro a leitura de Simone de Beauvoir "Todos os Homens são Mortais" e também "A velhice", creio que a partir desse material é possível pensar de forma mais criteriosa (e crítica) a questão do envelhecimento.

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